O naufrágio do Titanic - uma certeza matemática

Como já vimos, o Titanic conquistou a confiança das pessoas. Ismay e Pirrie estavam confiantes de que ele seria o maior e mais luxuoso navio do mundo. Milhares de passageiros estavam confiantes de que ele os transportaria para Nova York mais rápido do que qualquer outro navio seria capaz, e o capitão Smith acreditava que o navio poderia resistir a qualquer das inofensivas formações de gelo que haviam sido alertadas.

Agora, Thomas Andrews, o projetista principal do navio, tinha certeza de que o inafundável, Titanic, afundaria.

O Titanic havia recebido o título de inafundável devido aos compartimentos à prova de água no casco. Já vimos que as portas entre os anteparos podiam ser baixadas para evitar que inundações se espalhassem pelos 16 compartimentos do casco. O navio foi projetado para ficar com água em três dos compartimentos e continuar navegando - Andrews disse que o Titanic poderia até mesmo tolerar água em um quarto compartimento, caso necessário. Porém, cinco compartimentos inundados garantiam matematicamente que o Titanic afundaria.

Agora, vamos recapitular. Navios - mesmo aqueles feitos de materiais tão pesados quanto o aço - flutuam na superfície da água devido à capacidade de flutuação que os empurra para cima e a gravidade que os puxa para baixo. Essas duas forças equilibram-se mutuamente, permitindo que um navio flutue de forma estável.

No caso dos tão falados compartimentos do Titanic, o ar dentro deles tornava o navio menos denso do que a água que o cercava. Mas quando o navio atingiu o iceberg, o ar leve foi rapidamente trocado por água densa que invadiu os compartimentos danificados. Como resultado, a frente do navio (proa) ficou muito mais pesada que a traseira (popa) dando início a um mergulho lento e contínuo.

O Titanic não apenas afundou - relatos de testemunhas afirmam que ele partiu-se ao meio. A ciência sustenta esses relatos. No meio do navio, a tensão de sustentar o peso dos compartimentos frontais cheios de água sobrecarregou a estrutura de aço. Conforme a proa mergulhava, a quilha começou a erguer-se para fora da água e as placas de aço sustentando esta parte do navio começaram a dobrar-se com a pressão. Essa tensão chegou a 2.460 quilogramas por centímetro quadrado no convés dos botes - isso é quase 50% a mais da tensão que o Titanic foi projetado para suportar. Finalmente, as placas cederam. A proa mergulhou para o fundo e o navio partiu-se em dois. Quando isso aconteceu, a eletricidade, que já começava a dar sinais de falha, finalmente foi perdida, deixando os passageiros e a tripulação na escuridão de uma noite sem lua.

E menos da metade deles sobreviveria para ver o nascer do sol.