Home » , , , » O Último Metro (Le Dérnier Metro) 1980

O Último Metro (Le Dérnier Metro) 1980



Depois de uma grande homenagem ao cinema, pequenas referências espalhadas por seus filmes à pintura e à escultura, a música presente em personagens e cenas importantes, e depois de tantas adaptações literárias, faltava ainda o teatro. E para homenageá-lo, François Truffaut, resolveu expor uma ferida francesa incicatrizável, a Segunda Guerra Mundial e o colaboracionismo. É um filme repleto de panos de fundo, todos os personagens têm segredos (dos mais diversos) expostos à revelia no decorrer da história. Os próprios alemães exercem somente função figurativa, sua influência é sentida por sua presença e pelas alterações exercidas no estilo de vida francês, como a invasão da população aos teatros por falta de opções de lazer.
O teatro Montmartre passa a ser administrado pela atriz Marion Steiner, depois do seu marido judeu alemão (Lucas Steiner) ser obrigado a refugiar-se do Nazismo escondendo-se no porão do teatro enquanto todos pensam que ele fugiu do país. Uma nova peça está sendo montada pelo grupo e Lucas encontra uma maneira de acompanhar os ensaios, passando depois instruções para sua esposa. Está armado o palco para que o argumento se desenvolva, o funcionamento de um teatro é só um dos temas.
Militantes da resistência, críticos teatrais trabalhando como censores, parte da população repudia a invasão alemã enquanto outra parte colabora delatando judeus e aproveitando o desenvolvimento industrial promovido. Um triângulo amoroso só começa a se desenhar na parte final, Truffaut pontua toda sua história com pequenas recordações, com detalhes presentes nessa época a ser terminantemente esquecida. Uma mulher esfrega a cabeça do filho apenas porque um soldado alemão tocou seus cabelos, paranóia ou raiva? Um actor agride um crítico teatral pró-alemanha que o elogiou, porém criticou o restante do elenco, justiça ou traços de seu militantismo?
A fotografia do eterno colaborador Nestor Almendros é primorosa, principalmente retratando o ambiente escuro e lúgubre do porão, ou o palco durante as apresentações. Numa das noites que Lucas e Marion passam juntos, a câmera focaliza apenas os rostos, a luz azul é flamejante nas feições delicadas dela enquanto o escurecem; ela aliviada por estar com o marido, ele sempre preocupado com sua situação ultrajante de ser obrigado a esconder-se. Em outro momento a camera faz um travelling de 180º, saindo da mesa de um bar e apontando para a entrada do teatro, ligando duas pessoas que guardavam seus desejos oprimidos. Catherine Deneuve sempre divina, Gérard Depardieu é a alta inspiração interpretativa, reparem no actor que ensaia uma cena que já vimos Depardieu repetir inúmeras vezes, a comparação é a mais completa comprovação do talento. François Truffaut em mais um momento inspirado, e sem esquecer de suas marcas registradas, as pernas femininas vestidas de meia-calça, o amor e seus instintos, os homens incansáveis por mais uma paixão.

Filme

0 comentários:

Postar um comentário

Cine Belas Artes recomenda

Contato

Conheça também

Seguidores

 
Copyright © 2015 Cine Belas Artes
Blogger Templates